Affligem Blonde
A Abadia de Affligem é o resultado do sonho de seis cavaleiros que decidiram trocar a armadura pelas vestes de monge e dedicar a sua vida aos pobres. Foi dentro das suas paredes sagradas que começaram a produzir a cerveja.
A abadia de Affligem começou a ser construída em 1074 por seis cavaleiros que decidiram trocar a armadura pelas vestes de monge e dedicar a sua vida aos pobres. A construção terminou dez anos mais tarde e os cavaleiros, já ordenados monges, tinham alcançado o seu sonho. Foi já no interior daquelas paredes sagradas que começaram a preparar a cerveja Affligem. Os conflitos e guerras que se sucederam ao longo da história ditaram a destruição da Abadia por diversas vezes, mas os monges voltaram sempre a reerguê-la e assim mantiveram vivo o sonho dos seis cavaleiros até aos dias de hoje.
A Affligem é actualmente propriedade de Heineken. Duvido que isso fizesse parte do sonho dos cavaleiros, mas pelo menos terá garantido a sobrevivência da marca por muitos mais anos.
Como o nome denuncia, é uma cerveja dourada, uma cor que transmite frescura e leveza. Cria rapidamente uma espuma bastante volumosa e densa que vai atrasando a libertação enérgica de gás que ocorre por debaixo.
No nariz identifiquei essencialmente especiarias e algumas notas de frutas.
A carbonatação elevada foi o que me chamou primeiro a atenção ao provar. Tem uma concentração de gás considerável, ao ponto de picar na língua. De certa forma fez-me lembrar as Peta Zetas dos anos 80, passo o exagero, claro.
Tem um corpo médio, equilíbrio nos sabores, com algum amargor, especiarias e um pouco de doce cremoso, tipo mel, a contrastar. O sabor do álcool está muito bem diluído nos restantes sabores. No final é relativamente seca e refrescante. Penso que perduram mais as sensações criadas pelo gás do algum sabor em especial.
É uma boa cerveja, nenhuma dúvida em relação a isso. Refrescante, leve, sabores belgas. A única crítica que faço, puramente por uma questão de gosto pessoal, é ao nível de carbonatação. Na minha opinião beneficiaria se tivesse um pouco menos de gás porque ficaria ainda mais fácil de beber e seria mais subtil no estômago. Mas digo isto convicto que o nível de carbonatação poderá ter algumas variações, porque encontrei algumas análises em que referiam que a cerveja tinha pouco gás. Como é uma cerveja com uma segunda fermentação a nível da garrafa, processo através do qual obtém carbonatação natural, é possível que existam algumas diferenças de lote para lote. Podem também ter sido feitos ajustes à receita ao longo do tempo. Seja como for, é uma boa blonde belga para degustar_._
Actualização (25 Julho 2014):
Tive oportunidade de experimentar outra Aflligem Blonde de um outro lote, até com um rótulo já diferente, e não se verificava a quantidade de excessiva de gás que referi na análise. Foi por isso uma excepção, como já imaginava.
Actualização:
Depois de ter voltado a beber várias vezes esta cerveja, confirmo que a cerveja que bebi quando escrevi inicialmente o artigo foi claramente uma excepção e a sua carbonatação elevada não me permitiu apreciar em pleno o seu sabor. É uma cerveja agradável, encorpada, com uma agradável dose de cravinho. Pode não ser a minha belgian blonde favorita, mas é muito agradável.