Cientistas criam novos tipos de leveduras de cerveja

Actualmente existem inúmeras estirpes de levedura de cerveja, mas há cientistas a criar novas leveduras híbridas que poderão dar um novo leque de opções aos cervejeiros.



Cientistas criam novos tipos de leveduras de cerveja


No início do século 15, um grupo de cervejeiros bávaros deu origem, sem querer, a uma revolução na cerveja. Ao guardarem a sua cerveja em caves frias, aperceberam-se de que a cerveja ficava com um sabor mais limpo e fresco que agradava a todos. No entanto, apenas no início do século 19 é que a estirpe híbrida criada inadvertidamente pelos alemães foi isolada e tornou-se possível a produção em massa de cerveja lager, que ainda domina o mercado mais industrializado.

Actualmente existem inúmeras estirpes de cerveja, muitas vezes obtidas em cervejarias históricas, mas também existem cientistas interessados em criar novas leveduras. É o que acontece com uma equipa de investigadores na Universidade de Wisconsin, que desenvolveu um novo método para criar leveduras híbridas em laboratório e já criaram quatros novas espécies para testar numa nova receita de cerveja.

O trabalho da equipa é baseado na descoberta acidental dos cervejeiros bávaros que, ao produzirem cerveja em cavernas, encorajaram acidentalmente a hibridização natural de duas espécies de levedura. O ambiente frio fez com que a espécie Saccharomyces eubayanus fosse seleccionada em vez da Saccharomyces cervisiae, que é utilizada para produção de ales.

Apesar dos investigadores ainda utilizarem Saccharomyces cervisiae para formar uma das metades dos seus híbridos, o método de hibridização que utilizam nada tem a ver com o que deu origem à levedura lager. Em vez disso fazem uso de plasmídeos que permitem a manipulação genética necessária para permitir o cruzamento de duas espécies diferentes. Após a hibridização é possível remover os plasmídeos que facilitaram o processo e deixar os genomas individuais de ambas as espécies inalteradas.

Os cientistas afirmaram que é um processo “mais eficiente do que a natureza” e que conseguem produzir uma nova espécie híbrida em apenas uma semana.

Este trabalho foi detalhado na revista Fungal Genetics and Biology e terá implicações importantes para a cerveja, biocombustíveis e outras indústrias que façam uso deste tipo de leveduras.

De acordo com a equipa de investigação, estes avanços permitirão que os cervejeiros façam ainda maior uso da sua criatividade e experimentem com sabores que não seriam possíveis anteriormente.

“As vantagens da técnica são a velocidade, eficiência e precisão”, disse Chris Todd Hittinger, professor de genética e autor sénior do novo estudo. “Se tiver uma estirpe de ale favorita, por exemplo, deverá conseguir hibridizá-la facilmente com uma estirpe selvagem usando o nosso método. Numa semana, conseguirá gerar um elevado número de híbridos de quaisquer duas espécies que queira, criando formas nunca antes vistas. Há muito potencial para novos sabores e combinações.”



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