Westvleteren 12 (XII)
Para inaugurar o blogue deixo as minhas notas sobre a que muitos consideram frequentemente “a melhor cerveja do mundo”.
Esta cerveja belga é rara e é considerada por muitos como a melhor cerveja do mundo. Em sites de classificação é presença assídua no top e é alvo de cobiça por muitos apreciadores por todo o mundo. É produzida no mosteiro trapista de Saint Sixtus, único local onde era possível adquiri-la. Ao longo do tempo, supostamente como forma de financiar alguns restauros no mosteiro, foram abertas excepções e a cerveja passou ser vendida pontualmente noutros sítios do mundo. Uma garrafa de 33cl custa tipicamente pelo menos €10. Muitas vezes apenas é possível adquirir packs com várias garrafas. Não tem rótulo e toda a informação está na carica de côr dourada.
Quando fui investigar esta cerveja fiquei impressionado com a quantidade de elogios que lhe faziam. Muitas pessoas faziam da sua primeira prova um ritual especial, documentado ao mais ínfimo pormenor em vídeo ou pela escrita. É compreensível, afinal de contas trata-se de uma cerveja rara e é frequente os produtos raros e/ou caros serem alvo de uma cobiça especial. Há poucos dias atrás abri finalmente uma garrafa e pude eu também realizar o meu próprio ritual de prova da Westvleteren XII.
A cerveja tem uma agradável cor âmbar escuro. Por não ser filtrada apresenta-se ligeiramente turva e com algum sedimento. Forma-se uma espuma relativamente densa mas pouco duradoura. É formada por bolhas relativamente grandes que fazem lembrar espuma de sabão. O cheiro é agradável, ligeiramente doce e lembra frutos escuros. O sabor tem alguma complexidade e é interessante. Ao início é ligeiramente adocicado e notei algum do típico sabor de levedura que muitas cervejas belgas possuem. Ao engolir predomina uma certa sensação de calor na garganta, fruto do nível de álcool. É uma cerveja que não disfarça o álcool que tem.Gostei da experiência, mas confesso que não fiquei impressionado. Não por achar que a cerveja tem algum problema, longe de mim ousar afirmar tal coisa, mas simplesmente porque está longe de ser a minha preferida. Como achei estranho não ter ficado impressionado, abri ontem a segunda garrafa que tinha e repeti a experiência. As minhas impressões mantiveram-se exactamente as mesmas. Em ambas as provas tive a companhia de algumas pessoas que partilharam mais ou menos a minha opinião: é interessante, boa, mas não memorável e garantidamente não a “melhor do mundo” para nós. São opiniões muito pessoais, claro. É por isso que não concordo muito em atribuir notas a cerveja. É demasiado subjectivo e dependente do gosto pessoal e até do estado de espírito na altura da prova. Não consigo deixar de achar que a Wesvleteren 12 vive um pouco da mística e do romantismo em que está envolta. De qualquer forma, não deixa de ser uma boa companhia para uma noite de inverno e recomendo que experimentem e tenham a vossa própria experiência e opinião.